quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Carboxiterapia

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PARECER Nº 1889/2007 CRM-PR
PROCESSO CONSULTA N. º 91/2007– CI N.º 23/2007- CODAME
ASSUNTO: CARBOXITERAPIA E INTRADERMOTERAPIA
PARECERISTA: CONS. EWALDA VON ROSEN SEELING STAHLKE

EMENTA: Intradermoterapia e Carboxiterapia.
CONSULTA

Trata-se de consulta formulada pela Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos - CODAME, com o seguinte teor:
“Tendo em vista o fato da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos – CODAME, receber constantemente consultas referentes aos procedimentos de Carboxiterapia e Intradermoterapia, solicitamos parecer sobre os aludidos assuntos”.

PARECER SOBRE CARBOXITERAPIA

ANÁLISE
A denominada carboxiterapia consiste na administração subcutânea de anidro carbônico, gás carbônico ou CO2, através de injeção hipodérmica, diretamente nas áreas de celulite, flacidez cutânea, estrias e gordura localizada e ainda seria indicado na terapêutica de arteriopatias, flebopatias, úlceras vasculares e psoríase, entre outras. Outro modo de aplicação seria via transcutânea ou como balneareoterapia, na forma de banho seco ou em água carbonada.

A administração terapêutica do gás carbônico iniciou-se nos anos 30 na França, é um gás atóxico presente normalmente como intermediário do metabolismo celular, o gás é o mesmo utilizado em cirurgia videolaparoscópica para realizar pneumoperitôneo, histeroscopia e contraste em arteriografias, embora considerado não embólico há um relato de embolia na literatura acessada.
Possíveis efeitos colaterais limitar-se-iam a dor durante o tratamento, sensação de crepitação no local da aplicação devido a pequeno enfisema que desapareceria em média em até 30 minutos e pequenos hematomas decorrentes da punção. A maioria dos trabalhos não se relacionam com estética, nesta categoria há carência de estudos com rigor científico.

Somente alguns dos infusores de CO2, que tem registro na ANVISA, faz constar em seu manual o uso percutâneo.
Na mídia é divulgado que o próprio fabricante de determinado equipamento informa que dados histopatológicos obtidos por biópsia, em pacientes tratados na Itália e por seu representante nos Estados Unidos, mostrariam que o método é inócuo ao tecido conectivo, incluindo-se estruturas vasculares e nervosas, e que já teriam sido realizados 20 000 (vinte mil) aplicações de carboxiterapia com índice de complicações, reações adversas e mortalidade de zero.

Os treinamentos costumam ser realizados pelas empresas que representam os aparelhos, na maioria das vezes, em locais inadequados, expondo o paciente e o médico a grandes riscos, assim como banalizando um procedimento que é invasivo.
O Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia em resposta à solicitação da Delegacia Regional de Piracicaba do CREMESP, publicada no Jornal do CREMESP em julho de 2007, sobre tratamentos recomendados para a Lipodistrofia Ginóide, conhecida comumente no meio leigo como celulite, assim posicionou-se: “A carboxiterapia ainda não está reconhecida como tratamento formal para a lipodistrofia ginóide. Existem poucos trabalhos científicos e controlados que mostram resultados em relação a este tratamento específico. Há na literatura vários estudos utilizando esta técnica para outros tipos de alterações.

Alertamos para a falta de literatura embasada de forma científica e sugerimos que sejam feitos protocolos específicos. No momento a Sociedade Brasileira de Dermatologia não fornece aval para a utilização desta técnica na lipodistrofia ginóde. Em relação a outros tratamentos, não existe uma lista de aprovação. Visto que a lipodistrofia é uma alteração com múltiplos efeitos e sintomas, o médico deve manter os princípios básicos de ética, bom senso e segurança para o paciente”.

CONCLUSÃO

Embora a constante divulgação deste método, especialmente por médicos italianos, até o momento não existe literatura que esteja de acordo com a recomendação internacional de produção científica e que comprove a eficácia da carboxiterapia, para fins estéticos ou terapêuticos, não sendo técnica isenta de risco, pois a ocorrência de infecção poderá eventualmente atingir graves dimensões, visto ser método invasivo, e embora rara poderá ocorrer embolia gasosa, portanto, é nosso entendimento, neste momento, não haver justificativa para seu uso, assim como recomendamos que não seja divulgada, por ser técnica não reconhecida e sem evidências científicas pela comunidade médica.
É o parecer, s. m. j.
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada pelas informações sobre carboxiterapia bh